25 fevereiro 2011

Continuando a estudar o livro de Levítico...

Continuando com os estudos acerca do livro de Levítico, esse comentário que irei postar agora é ainda mais esclarecedor. Confira esse texto no SACRIFÍCIOS E SACERDOTES.


Tenha uma ótima noite e bons estudos...











"Tudo o que Deus ordenou a Israel com relação a costumes foi planejado para lembrar o povo de que tinha um relacionamento especial com Deus e havia sido chamado para caminhar em comunhão com Ele” (Lawrence Richards).

O livro de Levítico

O livro de Levítico recebe seu nome da Septuaginta (a tradução do AT grego) e significa “relacionado com os levitas”. Seu título em hebraico, wayyqra’, é a primeira palavra do texto hebraico do livro e significa “e ele [o Senhor] chamou”. Este livro registra as leis e regulamentos do culto que se realizava no tabernáculo, incluindo-se instruções sobre a purificação cerimonial, as leis morais, os dias santos, o ano sabático e o Ano do Jubileu. Essas leis foram outorgadas por Deus para que Israel organizasse seu sistema de adoração.
O principal pensamento de Levítico é a santidade. Deus diz: “Pois eu sou o Senhor, o Deus de vocês; consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo” (11.44; cf.: 11.45; 19.2; 20.7,26; 21.8,15; 22.9,16,32). Em Levítico, a santidade espiritual é simbolizada pela perfeição física. Por isso, o livro exige animais perfeitos (caps. 1—7) e requer sacerdotes sem deformidade (caps. 8—10).

A teologia de Levítico
Muitos temas teológicos fundamentais para a fé cristã são abordados no livro de Levítico. Conceitos como expiação, consagração e comunhão são meticulosamente desenvolvidos a partir do conteúdo deste livro. Entre outros temas teológicos relevantes, abordados em Levítico estão:
1. Informações acerca do caráter de Deus e da Sua vontade para aqueles que estão num relacionamento de aliança com Ele;
2. A presença de Deus com seu povo, simbolizada pelo Tabernáculo no meio do arraial, que era o assento da Sua glória;
3. O sistema sacrificial, que é apresentado com muitos detalhes, foi um dos meios mediante os quais era regulada a vida comunitária em Israel;
4. Deus não é apenas uma divindade viva e onipotente, como também é a essência da santidade, conceito que envolve atributos éticos e morais, que devem ser refletidos na existência dos israelitas, no dia-a-dia;
5. A pecaminosidade humana e os meios limitados que Deus adotara para restaurar o pecador à comunhão consigo mesmo são demonstrados no sistema sacrificial;
6. O livro ensina também que a expiação pelo pecado deve ser pela substituição. O pecador deve trazer uma oferta que adquiriu com certo preço, como substituto pela sua própria vida;
7. Nenhuma pessoa pode ser seu próprio salvador. O indivíduo deve comparecer perante Deus com arrependimento, confessar seu pecado e obter o perdão de um Deus misericordioso que repudia o pecado mas que demonstra Seu amor ao pecador, conforme a aliança estabelecida por Ele;
8. Toda a vida é vivida sob o olhar vigilante de Deus. Como resultado, não existe nenhuma diferenciação entre o que é santo e o que é secular na vida do povo da aliança. A santidade de Deus deve regular e dirigir cada área da atividade humana.

Os sacrifícios (1—7)
Antes de observarmos como funcionava o sistema sacrificial de Levítico, é preciso que compreendamos quatro verdades básicas sobre o sacrifício:
·  Sob a Lei, o sacrifício era o único meio satisfatório pelo qual os israelitas podiam permanecer em comunhão com o Senhor (cf.: 24.20,26,31,35; 5.10,13,16,18; 6.7);
·  Os sacrifícios eram limitados, abrangendo somente certos tipos de pecados pessoais, basicamente pecados por ignorância, acidente, falta de cuidado e omissão, além de pecados de natureza ritual ou social. Não havia sacrifício previsto para a violação intencional dos mandamentos de Deus (cf.: 4.13,22,27; 5.1-5);
·  O sistema sacrificial não era em si mesmo uma forma de salvação. Mas através dos sacrifícios, o pecador arrependido demonstrava gratidão pela resposta graciosa de Deus à sua fé e à confissão do seu pecado. Os sacrifícios não poderiam fazer nada pelo pecador que não estivesse genuinamente arrependido (Jr 7.20-23; Am 5.21-27; Mq 6.6-8);
·  Na prática, o sacrifício antecede a lei mosaica. O ato de Deus matar um animal para cobrir, com a pele, a vergonha de Adão e Eva, foi o primeiro sacrifício. Mesmo antes da Lei os sacrifícios de animais continuaram sendo a norma (Gn 3.21; cf.: Gn 4.3-7; 8.20,21; 15.9,10; Êx 12; Jó 1.5; 42.7-9).É importante lembrar que a idéia do sacrifício não é de a pessoa pecar de forma imprudente e obter de Deus um remédio fácil. O sacrifício visava às pessoas cujo coração já estava voltado para o Senhor (cf.: Sl 51.16-19).

Veja, no quadro abaixo, os diversos tipos de sacrifício prescritos no livro de Levítico:
Os sacrifícios do AT
SACRIFÍCIO
REFERÊNCIAS NO AT
ELEMENTOS
PROPÓSITO
Holocausto
Lv 1; 6.8-13; 8.18-21; 16.24
Novilho, carneiro ou ave (rolinhas ou pombinhos no caso dos pobres); totalmente consumidos; sem defeitos
Ato voluntário de adoração; expiação por pecados sem intenção em geral; expressão de dedicação, devoção e total entrega a Deus
Oferta de cereal
Lv 2; 6.14-23
Grãos, a melhor farinha, azeite, incenso, pães assados (bolos ou pães finos), sal; nenhum fermento nem mel; acompanha o holocausto ou a oferta de comunhão (junto com a oferta derramada)
Ato voluntário de adoração; reconhecimento da bondade e providência divina; devoção a Deus
Oferta de comunhão
Lv 3; 7.11-34
Qualquer animal sem defeito dentre as manadas e os rebanhos; vários pães
Ato voluntário de adoração; ações de graças e comunhão (Incluía uma refeição comunitária)
Oferta pelo pecado
Lv 4.1-5; 6.24-30; 8.14-17; 16.3-22
1. Novilho: para o sumo sacerdote e a congregação.
2. Bode: para o líder.
3. Ovelha ou cordeiro: para as pessoas em geral.
4. Rolinha ou pombinho: para os pobres.
5. Jarro da melhor farinha: para os muito pobre.
Expiação obrigatória para o pecado específico sem intenção; confissão do pecado; perdão do pecado; purificação da contaminação.
Oferta pela culpa
Lv 5.14-6.7; 7.1-6
Carneiro ou cordeiro
Expiação obrigatória pelo pecado sem intenção que requer restituição; purificação da contaminação; fazer restituição; pagar multa de 20%
Quando mais de um tipo de oferta era apresentado (como em Nm 7.16,17), o procedimento era em geral o seguinte: 1) oferta pelo pecado ou oferta pela culpa; 2) holocausto; 3) oferta de comunhão e oferta de grãos (junto com uma oferta derramada). Essa seqüência fornece parte do significado espiritual do sistema sacrificial. Primeiro: era necessário lidar com o pecado (oferta pelo pecado ou oferta pela culpa). Segundo: o adorador dedicava-se completamente a Deus (holocausto e oferta de cereal). Terceiro: era estabelecida a comunhão entre o Senhor, o sacerdote e o adorador (oferta e comunhão). Colocando em outra linguagem: havia sacrifícios de expiação (ofertas pelo pecado e ofertas pela culpa), de consagração (holocaustos e ofertas de cereal) e de comunhão (ofertas de comunhão que incluíam ofertas do cumprimento de votos, ofertas de gratidão e ofertas voluntárias).

A conexão com a vida cristã
Como já vimos, através dos sacrifícios são desenvolvidos três conceitos fundamentais para a fé cristã: a expiação, a consagração e a comunhão. A ordem dos sacrifícios descritos nos preceitos rituais constitui-se em um importante guia para os cristãos, no que diz respeito aos princípios da espiritualidade e do culto a Deus.
·  A expiação: dos três conceitos enunciados, aquele que tinha prioridade dizia respeito à purificação do pecado, denotada pela oferta pelo pecado ou pela oferta pela culpa;
·  A consagração: quando a expiação apropriada tivesse sido feita, o adorador devia entregar sua vida e obra a Deus, conforme é indicado pelo holocausto e pela oferta de cereal;
·  A comunhão: finalmente, devia desfrutar da comunhão com Deus dentro do contexto de uma refeição de comunhão, que era fornecida pela oferta pacífica ou sacrifício de comunhão.Os sacrifícios para a expiação eram a porta de entrada para o Tabernáculo, onde o Deus santo encontrava o homem pecador. Para que o homem saísse vivo desse encontro, o pecado tinha de ser tratado, e isso só poderia ser feito através do sangue. Na verdade, o sangue era vital, pois Deus disse: “A vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz propiciação pela vida” (Lv 17.11). O pecador era ensinado que o pecado exigia a entrega da vida do pecador, mas Deus, misericordiosamente, aceitava um substituto.
As palavras hebraicas traduzidas em português por “expiação” ou “expiar”, significam basicamente “cobrir” ou “esconder”. Isto é, a expiação sugere a idéia de algo que cobre o pecado da pessoa e o esconde, permitindo que se aproxime de Deus. Com certeza, esse era o papel que a expiação desempenhava no AT. Quem pecasse tinha de tornar público o pecado e, como ato de confissão, trazer sua oferta – um animal – ao sacerdote. Feito o sacrifício, o sangue era derramado, e dessa maneira o sacerdote fazia “propiciação pelo pecado” da pessoa (Lv 4.26). O sacrifício sempre foi o fator central da ação da graça de Deus a favor do ser humano.
Hoje, sabemos que os sacrifícios do AT apontavam para o sacrifício perfeito de Cristo, na cruz, no lugar do homem pecador. Já no AT, o profeta Isaías profetizou sobre o Messias que se apresentaria como sacrifício pelo pecado de muitos (Is 53.7,10,12). Como disse Pedro: “Cristo sofreu pelos [nossos] pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus” (1Pe 3.18). O escritor de Hebreus diz que Cristo é o sumo sacerdote que precisávamos, que ofereceu a si mesmo em sacrifício, para a expiação definitiva dos nossos pecados (Hb 7.26-28; cf.: 10.14,18).
Foi o sacrifício de Cristo que conferiu propósito e significado aos sacrifícios do AT, que cobriam ou escondiam os pecados, permitindo que Deus os ignorasse, até que Jesus viesse tirar realmente o pecado por meio do sacrifício de si mesmo (Rm 3.25,26). Por meio do sangue de Cristo, fomos definitivamente libertos. Por isso a obra da redenção está completa!

O sacerdócio no AT
“Cada crente verdadeiro é um sacerdote, em virtude de sua união com o Senhor Jesus, a qual proporciona vida, e nada pode quebrar essa união” (J. Sidlow Baxter, Examinai as Escrituras, Edições Vida Nova).

Por que estudar o sacerdócio do AT?
Existem pelo menos três razões pelas quais o estudo do sistema sacerdotal do AT é de extrema importância para o cristão de hoje:
1. O sacerdócio é uma instituição fundamental do AT. Compreendê-lo é a chave para a compreensão do plano de Deus revelado nas Escrituras;
2. Cristo é chamado de nosso Sumo Sacerdote (Hb 4.14,15; 8.1); e
3. Nós, crentes, fomos designados para sermos “sacerdócio real” (1Pe 2.5,9).
Portanto, se quisermos descobrir nossa identidade de “crentes sacerdotes”, chamados para ministrar em um mundo que rompeu com Deus, precisamos ter uma compreensão clara do que o sacerdócio do AT significa.

Definição de sacerdote
Em geral, o sentido da palavra hebraica kohen, traduzida para o português como sacerdote é: “ministro das coisas sagradas”. A raiz dessa palavra significa “ficar em pé”. O sacerdote seria então aquele que fica diante de Deus, como um serviçal (Dt 10.8; 18.5; 21.5).

Origem do sacerdócio
Na época patriarcal não havia um sistema sacerdotal organizado. Os atos de culto, especialmente o ato central que é o sacrifício, eram realizados pelo rei ou pelo chefe da família. Alguns exemplos são:
·  Abel: Gn 4.3-5;
·  Noé: Gn 8.20
·  Abraão: Gn 12.8;
·  Melquisedeque: Gn 14.18;
·  Jetro: Êx 18.12;
·  Jó: Jó 1.5.

Como se originou o sistema sacerdotal?
A origem do sistema sacerdotal organizado, como aparece em todo o AT, se dá no livro de Êxodo, quando os homens da tribo de Levi assumiram as funções sacerdotais, tendo sido consagrados para o serviço do Senhor, em lugar de todos os primogênitos de Israel (Êx 2.1-10; 4.14; 6.16-27; cf. Êx 13.2,13; Nm 3.11-13,41)

Por que Deus escolheu os levitas?
Ao que tudo indica, a tribo de Levi foi escolhida por Deus para assumir o sacerdócio, em lugar dos primogênitos de Israel, quando os levitas vingaram a honra do Senhor, logo após a apostasia promovida por Arão (Êx 32.25-29).

Qual a principal tarefa dos levitas, no deserto?
Os levitas tinham a responsabilidade de desmontar, transportar, erigir e proteger o Tabernáculo, durante toda a peregrinação de Israel no deserto (Nm 1.47-54).

Todos os levitas eram sacerdotes?
Dentre os levitas, Arão e seus filhos foram designados por Deus para cuidar do sacerdócio. É possível que a família de Arão tenha sido separada, após o mesmo ter sido enviado por Deus, junto de Moisés, para servir de porta voz diante do povo de Israel (Êx 4.14-16).

As funções sacerdotais
Dentre as inúmeras funções para as quais os sacerdotes foram designados, as que são mais evidenciadas no AT são:
·  Transmitir os oráculos divinos ao povo, revelados através do Urim e do Tumim (Êx 28.30);
·  Ensinar a Lei de Moisés a Israel (Lv 10.10,11; Dt 33.10);
·  Apresentar sacrifícios pelos pecados do povo (Dt 33.10b; Hb 5.1); e
·  Servir como mediador entre Deus e o homem (Hb 5.1; Êx 28.29).

O sacerdote como tipo de Cristo
Nenhuma outra doutrina bíblica confere tanta dignidade ao sacerdote, quanto a que aponta para o mesmo como um tipo de Jesus Cristo.
·  Cristo é o nosso sumo sacerdote (Hb 8.1);
·  Como sacerdote, Cristo se identifica como homem (Hb 2.17,18);
·  Ele ofereceu a si mesmo, como oferta pelo pecado (Hb 7.26-28; 10.14,18);
·  Cristo é o único mediador entre Deus e o homem (1Tm 2.5).

A igreja como sacerdócio santo
A Bíblia mostra que Israel falhou em cumprir suas funções sacerdotais, diante das outras nações do mundo (Êx 19.6; Os 4.6). No entanto, em Zc 3.1-10, Deus promete purificar e restaurar Israel como nação sacerdotal. Alguns intérpretes da Bíblia sugerem que a instituição da igreja como “sacerdócio santo” (1Pe 2.5; Ap 5.9,10) é o cumprimento dessa promessa.

O ministério sacerdotal da igreja
A Bíblia revela como os crentes devem exercer seu “sacerdócio real” no mundo:
·  Refletindo a santidade de Deus e de Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote (1Pe 1.13-17);
·  Oferecendo sacrifícios espirituais a Deus:
1. Corpos dedicados a Deus (Rm 12.1);
2. Ofertas de dinheiro ou bens materiais (Fp 4.18; Hb 13.16);
3. Sacrifícios de louvor a Deus (Hb 13.15);
4. Sacrifícios da prática do bem (Hb 13.16).

 ·  Servindo como mediador entre Deus e os homens:
1. Intercedendo pelos homens diante de Deus (1Tm 2.1);
2. Representando Deus diante dos homens (Mt 5.16; 1Jo 4.8,16).

Bibliografia: Comentário Bíblico do Professor, Lawrence Richards, Editora Vida; Manual Bíblico de Halley, Henry Hampton Halley, Editora Vida; Bíblia de Estudo NVI, Editora Vida; O Antigo Testamento em tabelas e gráficos, John Walton, Editora Vida; Levítico, introdução e comentário, R. K. Harrison, Edições Vida Nova; Instituições de Israel no Antigo Testamento, R de Vaux, Editora Teológica; O Novo Dicionário da Bíblia, J. D. Douglas, Edições Vida Nova; Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento.

Questões para reflexão:
1. Pense na história de um personagem israelita imaginário: Basar. Ele é rico, mas não paga o salário justo aos empregados. Empresta aos pobres, mas com juros altos. Sem demora, quando não podem pagar, tira-lhes os bens ou vende-os como escravos. Planta em muitos campos, mas nunca deixa nada para que os pobres possam colher, como a Lei ordena. No entanto, oferece seus sacrifícios e ainda contribui com ofertas adicionais. De que forma Deus vê esse homem e seus sacrifícios? Responda a essa pergunta, com base nos seguintes textos:
·  Levítico 4;
·  Isaías 1.13-17; e
·  Jeremias 7.20-23.2. A exemplo do personagem imaginário, Basar, existe possibilidade do cristão ser igualmente negligente em relação ao sacrifício de Cristo por ele? Explique:
3. O que os israelitas do AT podiam aprender através dos sacrifícios apresentados no Tabernáculo? Como essas verdades podem ser compreendidas pelos cristãos de hoje?
4. Com base nos textos de Hebreus 7.26-28; 10.14,18 e Rm 3.25,26, quais as principais diferenças entre os sacrifícios do AT e o sacrifício de Cristo? Que significado o sacrifício de Cristo tem pra você?
5. De que maneira a igreja deve exercer seu ministério sacerdotal no mundo?

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